sábado, 7 de junho de 2008

No Limiar entre o Direito e a Arte: a literatura e o sentido fluído.

Pensar a ética da compreensão humana (MORIN) no campo duro do Direito, desmitificando sua pureza e relegando a noção de mera auxiliaridade das outras áreas do conhecimento, é uma idéia que forma-se quase como movimento de resistência à arrogância teórica que acarreta estigma de “subordinação” aos discursos não-jurídicos. Refere-se à arrogância própria do modelo moderno de pretensão otimista, que trabalha com a lógica da disjunção (ou... ou), na qual reina a separação, a distinção, uma falácia de progresso e a autonomia de um narcisismo individualista adequado à cientificidade. O Direito, enraizado nesses encantamentos datados (MAFFESOLI) concebe-se como “o” lugar de produção da verdade, negando, assim, a própria vida naquilo que ela tem de “essencial”, a necessidade do perspectivismo e do erro (NIETZSCHE), para entrar no rol das Ciências e cumprir o culto à Verdade.
No limiar do Direito e da Arte, a intenção é ampliar os focos de conhecimento a partir de fusão de horizontes que não requer de modo algum dominação ou subjugação de ou entre saberes. Colocar-se neste lugar é estar além da disciplina e da metodologia que produzem embalagens educacionais (WARAT). O projeto dialogal entre Direito e Literatura está para além da pretensão de juridicizar a Literatura, violentando-a. Os sonhos de pureza são sempre totalitários, por isso intolerantes, daí falar em alteridade e pensar desde o outro para, colocando a ética como filosofia primeira (LEVINAS), sair da episteme moderna. Nem Direito para contar a Literatura, nem Literatura para contar o Direito: sem método nem disciplina, talvez indisciplina (MORIN): Literatura é arte e prescinde de critérios a priori de beleza, bondade e justeza para sua legitimação.

Alexandre Pandolfo
Daniel Achutti
Gabriel Divan

Um comentário:

c. flores disse...

Povo querido:
Tenho estado em Santa Maria, mas penso em continuar participando do grupo efetivamente a partir de agosto ( se quiserem, claro!).
Um fraterno abraço a todos.
Claudia Flores